Sejam bem-vindos!

"Nunca será um verdadeiro matemático aquele que não for
um pouco de poeta." (Karl Weierstrass)




domingo, 24 de outubro de 2010

Poema matemático

Às folhas tantas
Do livro matemático
Um Quociente apaixonou-se um dia doidamente por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável e viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, Boca trapezóide,Corpo ortogonal, Seios esferóides.
Fez da sua uma vida Paralela à dela.
Até que se encontraram No Infinito.
"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos. Mas podes chamar-me Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde
A alma irmãs Primos-entre-si .
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando ao sabor do momento
E da paixão Retas, Curvas, Círculos e Linhas Sinusoidais.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se.
Constituir um lar.
Mais que um lar. Uma Perpendicular.
Convidaram para padrinhos O Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram Planos, Equações e Diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade Integral
E diferencial.
E casaram-se e tiveram uma Secante e três Cones muito engraçadinhos.
E foram felizes.... Até àquele dia
Em que tudo, afinal, se torna monotonia.
Foi então que surgiu O Máximo Divisor Comum...
Freqüentador de Círculos Concêntricos. Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela, Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.
Ele, Quociente, percebeu que com ela não formava mais Um Todo.
Uma Unidade.
Era o Triângulo, chamado amoroso.
E desse problema ela era a Fração Mais Ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade.
E tudo que era espúrio passou a ser Moralidade
Como, aliás, em qualquer Sociedade.


Milôr Fernandes